quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Fundo do Poço...

Diversos programas sociais de assistência direta à pessoa e a família estão ao alcance de tod@s. Será?

O acompanhamento cada vez mais de perto por parte de órgãos e/ou equipamentos como o Conselho Tutelar, CRAS, PSF e outros, afunilam as informações e nos dá uma possibilidade única de leitura da realidade. A falta de estruturas básicas, capacidade de articulação e falta de estímulos culminam em uma divisão a que chamamos miséria. Miséria que temos aqui em Poá, em verdadeiros guetos, tendo como moradores e moradoras os “chamados invasores” – pela imprensa burguesa e por nossos governantes -, mas que trataremos aqui como moradores de áreas de ocupação.

Em Poá temos essa realidade em todos os extremos do município. JD São José, JD Nova Poá, CID Kemel, Calmon Viana, Vila General, Vila Varela e Vila Lucia, e outros, e o que desperta a curiosidade é saber que Poá hoje com um orçamento de mais de 330 Milhões por ano, e tendo uma população de aproximadamente 110 mil Habitantes (3 Milhões Pessoa/ano), não consiga em sua administração sanar problemas básicos de moradia, saneamento básico, combate efetivo à miséria, entre outros tantos. Os números mostram que Poá tem a possibilidade de alcançar a excelência nestes atendimentos, mas o fato é que estamos numa outra realidade.

Vejam bem, estamos tratando aqui de uma realidade aparte de nossas vidas. Você que lê esta postagem, que tem seu acesso à internet, que manda SMS e está antenado com o FACEBOOK, precisa se esforçar pra vivenciar essa realidade. São seres humanos, ou o que resta disso. São pessoas que atravessam esse frio de 4 Graus debaixo de um teto pingando, com filhos e filhas enrolados tod@s nos mesmos poucos cobertores. Mal vestidos, sujos, apontados a todo o tempo, inferiorizados diante de todos por sua condição social e sua aparência judiada, e sem reunir força e articulação necessárias para se erguer diante desta realidade. Não tem oportunidades diante de preconceitos diversos, relacionam-se sexualmente sem proteção alguma por entender que não há o que perder. Enxergam por fim saídas como o crime, a prostituição ou sofrem distúrbios diversos e se rendem à realidade das ruas.

Não quero me limitar em pensamentos arcaicos que rezam: “não trabalha quem não quer” ou “eles não se esforçam”, só concordo com essas afirmações quando tod@s tiverem, desde seu nascimento, as mesmas oportunidades e o mesmo acesso a tudo, e vivermos numa sociedade sem preconceitos e exclusões.

Afirmo com tranquilidade que programas sociais como bolsa família, auxilio aluguel, cestas básicas e outros programas, não chegam à tod@s, por conta de um fator claro: A incoerência da falta de proximidade do poder público com a população a qual representa. A ausência de políticas públicas estruturantes e que se efetivem, que cheguem à prática real e alcancem o fundo do poço, perpetuam essa realidade tão adversa pra essas famílias. Ouvimos do poder público que as mães só mandam seus filhos pra escola para ter o bolsa família... Isso é constatação de incompetência! Não exercitamos o pensamento de que a necessidade imediata é a comida e o sapato, por que não temos essas necessidades, essas famílias as têm. O mais preocupante é constatar que diversas famílias não reúnem as condições necessárias pra forçar @s Filh@s a irem pra escola, seja pelo Bolsa Família ou por qualquer outra coisa,  pois sua realidade já absorveu sua criança colocando-a no vício, na drogadição, na violência, na prostituição, frutos todos de uma falta de atenção principalmente do Poder Público para com a sociedade a quem lhes deve servir.

A provocação que é saber que tem solução e não alcança-la, deve servir de força e estímulo pra nossa intervenção no cenário político municipal. É preciso extrapolar a pauta de eleições, e fazer do nosso dia-a-dia uma luta diária contra as desigualdades e suas consequências.

Ano que vem tem eleições municipais. Candidat@s não faltam, com suas maracutáias e conchavos, mas precisamos enxergar além de suas campanhas milionárias, de suas promessas vazias e imediatistas. Afinal a forma imediata de tirar as pessoas do fundo do poço utilizadas hoje em dia pelos governos no Brasil a fora, é MATANDO,TRANSFERINDO DE LOCAL, CRIMINALIZANDO E DEIXANDO QUE SE ACABEM NA MISÉRIA,FOME E DESCASO.

Tá dormindo quentinho neste inverno? Conheces o fundo do poço? Quer conhecer? 

terça-feira, 31 de maio de 2011

BOLETIM DE OCORRÊNCIA: EM ANDAMENTO O ROUBO DO FUTURO DAS CRIANÇAS

BOLETIM DE OCORRÊNCIA
EM ANDAMENTO O ROUBO DO FUTURO DAS CRIANÇAS

O que quer do seu futuro?
Nada!
O que você quer ser no futuro?
Nada!
O que é futuro?
Não sei, acho que não é nada...
                                              (Diálogo com ........................................... uma menina de 12 anos de idade)

Nunca o Conselho Tutelar foi tão utilizado e acionado como vem acontecendo ultimamente. Com acirramento das desigualdades sociais e o aumento do abismo entre as classes, nossas crianças e adolescentes são deixad@s de lado sofrendo as mais terríveis consequências.

A dificuldade de se reconhecer enquanto animal e de respeitar seus limites de ganancia e crueldade, faz do ser humano a mais intransigente das espécies, resultando numa realidade que estimula o erro, que gera conflitos diários, que inunda de desanimo os sedentos por justiça, e joga na lama inúmeras lutas e conquistas históricas.

Nas escolas a comprovação da incompetência do Estado. Verdadeiros depósitos de crianças e adolescentes sem o mínimo de estrutura física, psicológica e pedagógica para trabalhar a realidade de seus estudantes. Professores desmotivados, mal formados e mal remunerados, são receptores despreparados das angústias e experiências de nossas crianças e adolescentes. Sabe-se enfim da necessidade de reformulação na educação pública, mas pouco – ou nada – se faz. Dirigentes regionais de ensino estimulando a descrença no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), empurrando para as famílias toda a culpa pela falência do Estado na educação pública, além de não apresentar nenhuma contrapartida para a transformação da realidade.

“Essas Porras (crianças) não merecem ter direitos, tem que prender...” , Frase ouvida da boca de uma professora, ou seja lá o que for aquilo, em uma “sala de professores” de uma escola pública, se referindo à crianças e adolescentes de 14 anos no máximo. Apesar da má construção da frase proferida pela docente, a intenção e a cultura embutida na frase mostram a que nível nossa sociedade foi capaz de chegar por não garantir direitos básicos. DIREITOS SIM, e direitos conquistados em belos e longos textos redigidos pelos mais gabaritados doutores, mas que não se efetivam, gerando nas famílias a necessidade de se manter nessa selva do consumo, por meios inadequados e por vezes ilícitos. Agora, como cobrar de famílias que não tem o básico como água encanada, luz elétrica, boa escola, alimentação regulada, roupa de frio, entre outras cositas, uma boa estrutura biopsicossocial de suas crianças? Como esperar de crianças ou adolescentes, que passam a vida a ter vontades, que aguardem pela justiça divina para comprar um “tênis” à que seu sonho se reduziu?

Nos pontos ilegais de venda de entorpecentes ilícitos, ou “biqueiras”, adolescentes recebem de 150 a 300 reais por dia de serviço no tráfico de drogas. Destes jovens se escuta a seguinte pergunta: Qual a alternativa que o Estado me oferece? Claro, colocados em público inteligentemente em dialetos: “Aí mano, vai me arranjar oto trampo pr’eu ajudar a minha mãe?” Por favor, não entro aqui na discussão se é certo ou não recorrer ao crime para suprir sua necessidade, mas destaco o instinto animal do ser humano em se adequar as suas necessidades na medida em que elas se manifestam. Como resgatar as nossas crianças e adolescentes do tráfico e de outros atos infracionais, pedindo para que elas aspirem um futuro próspero, se todos veem aos montes exemplos de que a vida entregue ao trabalho duro não é garantia de satisfazer suas necessidades, e pior, ao observarem a impunidade com os ladrões de colarinho branco e das grandes explorações promovidas pelas diversas corporações.

Fato é que o Estado, em que pese suas competências e responsabilidades, não intervém na sociedade a fim de promover uma transformação social, que mude de fato esse quadro. Um Estado lê-se Estado como Poder instituído, responsável por gerir a coisa pública – que ocupa seu tempo em atender uma pequena camada de corruptos, parentes e agregados que já aprenderam a viver à custa do dinheiro e das regalias geradas a partir da máquina pública. Estão ocupados demais aumentando seus salários e trocando seus carros oficiais, enchendo seus cofres em paraísos fiscais e se esbaldando em viagens caríssimas e eventos requintados. O esforço para a manutenção da miséria é notório. As casas de Leis, Câmaras, Assembleias e Senado burocratizam o acesso, não produzem o que deveriam por excelência, e mergulham as instituições numa descrença frente a sociedade, eternizando assim a permanência dos mesmos.

É nossa obrigação nos atentarmos aos nossos verdadeiros inimigos. Antes de desejar a morte, prisão ou repressão ao “moleque” que te roubou a bolsa ou a carteira, lembre-se que ninguém nasce ladrão, e que ele pode não ter tido uma perspectiva de vida como você teve, e que dará à seus filh@s.

A sociedade está sem folego, e de famílias hoje já desestruturadas, nascerão outros filh@s que terão, provavelmente e infelizmente, um futuro também sem perspectivas. Não é pessimismo, é a realidade, nua e crua, reta e direta, cruel. Consegues identificar o verdadeiro inimigo?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Os tipos de Terrorismo

         Encarando mudanças climáticas drásticas, catástrofes naturais/ambientais, e lembrando com mais “ibope” das tragédias sociais, genocídios raciais e tantas outras mazelas e equívocos, entender essa perseguição doentia dos EUA atrás de Osama Bin Laden, usada sempre como pretexto para invasões de países livres e autônomos, como guerra contra o terror, não me “desce a goela”.

             Vai Bush, vem Obama e presidente após presidente os EUA acham que são os “Xerifes” do mundo. A ponto de querer definir o que é terrorismo.

            Vamos apelar a Wikipédia:Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas,” o mais interessante é a continuação:A inexistência de um conceito amplamente aceito pela comunidade internacional e pelos estudiosos do tema significa que o terrorismo não é um fenômeno entendido da mesma forma, por todos os indivíduos, independente do contexto histórico, geográfico, social e político. Segundo Laqueur, nenhuma definição pode abarcar todas as variedades de terrorismo que existiram ao longo da história.”

          As intervenções Norte-Americanas em qualquer que seja o país e sob qualquer desculpa, se dá de forma militar, com aparatos bélicos dignos que grandes guerras mundiais. Põe medo, desespero, e sentimento de impotência em toda a população pelo seu poder de fogo, instala sem quaisquer precedentes, suas empresas multinacionais explorando mão de obra barata nos países em desenvolvimento, gerando um pensamento no inconsciente coletivo de dependência e gratidão. Apoia milícias de seus interesses em conflitos religiosos, extremistas, militares, cedendo armas, munição e treinamento (como fez com Osama no começo dos anos 90).

         Com essa postura criminosa ainda querem, os EUA, definir ao mundo o que é terrorismo?

              Há 800 milhões de pessoas desnutridas no mundo, um bilhão de pessoas passando fome, 30 mil crianças morrem de fome a cada dia, 15 milhões a cada ano, um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresenta atraso no crescimento físico e intelectual. Acha pouco? 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável, 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso. Uma pessoa a cada sete padece de fome no mundo. A cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo.
            Quanto o governo dos EUA dispõe para enfrentar estes problemas? Nada. Quanto o governo dos EUA dispõe para comprar armas, munição, caças, para expandir seu imperialismo aos países de seu interesse, sob a égide de combater o Terror?

           Menos de 3.000 pessoas morreram nos ataques ao Word Trade Center em 11/09/2001. Por sua vez, só na Guerra do Iraque foram contabilizados mais de 601.000 mortes causadas pelas forças armadas lideradas pelos EUA, sem levantar as outras intervenções militares alavancadas por eles
             Hastear uma bandeira com dizeres “anti-terrorismo” garante o direito de acabar com a vida de tantos outros? Este poderio militar em ação atende ou não a explicação e entendimento do que é Terrorismo?

             Sem a intenção de defender qualquer ação que tire a vida das pessoas, entender que a ação duradoura que garante os EUA como uma grande potencia mundial é uma ação política perversa, mata quando interveem, mata quando deixa de intervir. A busca pelo controle do mudo e de seus recursos mata mais que o terrorismo que os EUA insiste em indicar como o terror. Nos empurrar a coca cola e o mac donald’s, com suas jornadas de trabalho em regime de escravidão, não entram na conta do terrorismo que eles combatem. Testar remédios em populações africanas, testar armas de destruição em massa para interferir nos países do oriente médio também não entram na conta.

            As notícias dizem: “Vitória política de Obama.” Antes de vinte quatro horas da noticia da suposta ação que vitimou Osama Bin Laden, a notícia já fora desmentida, ou pelo menos da inverdade sobre a foto do corpo, que fora veiculada. Posar de “herói assassino” Obama fez bem, mostrar como se deve resolver os problemas com os inimigos políticos, religiosos ou ideológicos também: Na BALA, na GUERRA, para não parar de alimentar as empresas bélicas que garantem uma bela e recheada campanha para reeleição.

             Devemos ficar atentos aos tipos de terrorismo.


sábado, 30 de abril de 2011

Os bancos gelados...

É uma estrutura antiga, de aproximadamente 20mx20m antes da reforma, depois acredito ter ido pros 20mx40m. São dois andares de concreto cinza, com dizeres grandes, diretos e insensíveis, apesar do lindo jardim de inverno ao centro, sem teto para cobri-lo, permitindo a luz do sol e as gotas de chuva.

São diversas salas saturadas de papel, de pavor e penas. São Marias, Joanas e Helenas tristes em penar por atenção. Do banco gelado que circunda o lindo Jardim de Inverno, disparam vários olhares sedentos por justiça, mas que tem como retorno um tratamento gélido, padronizado. Deste mesmo banco partem gritos de dor, de súplicas e de questionamentos, frutos todos de uma completa distorção de funções, de um equívoco institucional, de uma sociedade viciada no erro.

O que deveria ser um exemplo em bom atendimento e bom tratamento se mostra totalmente o inverso. O que deveria passar segurança, sentimento de porto-seguro, alívio e esperança de resolução, mais parece uma turbina prestes a explodir, que não se pode chegar perto pra não explodir junto. Que não se pode dirigir uma palavra se quer, sujeito a tomar um “tapa na cara” de pessoas que reproduzem – sabendo ou não – a ideia de uma instituição carregada de preconceitos, submergida em costumes perigosos e práticas ilícitas com uma falsa blindagem de ordem e justiça. Uma instituição falida, fadada a ocupar uma triste parte de nossa história.

É preciso uma reestruturação, uma mudança drástica para se ter o resultado ideal. Mas como se eles representam o braço armado deste Estado que detém instituições como essa sob seus serviços?

Para evitarmos assassinatos em ruas, vielas, serras e cemitérios, é preciso que haja um empoderamento do nosso povo. A ação coletiva de participação nos espaços de decisão, de denuncia dos abusos e dos excessos.

Não existe alegria em assumir a mazela que é a falência do Estado no campo da segurança, da prevenção e da resolução. Na verdade, temos destacado com isso uma de nossas mais necessárias ações, afinal estamos perdendo nossas crianças e adolescentes para uma violência generalizada, fruto de uma conjuntura desigual, de má distribuição de renda e riqueza, de terra e por consequência, má distribuição de sonhos, o que resulta em jovens vivendo à margem, sem perspectivas e propensos à prática da criminalidade, e quando nessas práticas não encontram o fim de suas vidas, caem na mão de um Estado que não recupera, não considera a realidade e contexto, e que reprime, bate, encarcera em instituições falidas, e quando mostra o auge de sua incapacidade, crueldade e despreparo, MATA.

Nossa contribuição é diária. A mudança de comportamento é essencial para a transformação da nossa realidade. Não permitir os abusos, denunciar todas as formas de corrupção e não compactuar com elas. As vidas de milhares de jovens são arrancadas todos os dias, e nós com isso? 

sexta-feira, 29 de abril de 2011

De Morte

Hoje eu vi o pavor de perto.
Vi choro, lamento.
Olhei para todos os lados
e tudo que via me parecia um tanto padronizado,
frio, destemperado.
De forma espantosa a transformação se deu,
do alto dos meus sonhos rompeu.

A luz que caía cegava
a glória do alívio e da paz
com o som dos amantes marcados
Tuas vozes, teor de enforcados
acalentam o mundo em que jaz.

Prioridade

           Rasgando o século XXI, é impossível imaginar uma nação que se construa calcada em princípios básicos de justiça, sem um Estado eficaz no sistema de garantia de direitos para crianças e adolescentes. 

         Garantir a plenitude no atendimento às diversas demandas, um funcionamento digno dos equipamentos públicos, a formação e sensibilização continuada dos agentes das redes de garantia dos Direitos são passos necessários para a transformação desta realidade que nos arrebata.   

            Bom, estes apontamentos são, por demais, reconhecidos. A dificuldade de fazer valer direitos em nosso país não obedece faixa etária, mas um conjunto de fatores que nos desperta à inúmeras outras discussões. Crianças, Adolescentes, Mulheres, PNE's, Idosos(as), Obesos(as), Negras e Negros, Nordestinos(as) e Homosexuais vivem numa constante dificuldade de fazer valer vários direitos em seu dia-a-dia. São privados do direito à circular livremente sem olhares preconceituosos, tratados de diferentes formas, não aceitos e pré-julgados por "aparência", porte físico, cor dos olhos, da pele ou tipo do cabelo. 

               O fato é que: Não existe pensar em garantia de direitos, sem pensar mudança de postura, sem pensar em reformulação, reeducação e reestruturação. 

Para ilustrar.

                  " João da silva, 12 anos.
                    13 Passagens na Polícia
                    3 Transferências escolares 
                    Mãe: paradeiro desconhecido
                    Pai é dependente químico - estado precário.
                    Sua Tutora: Maria - Avó, 75 anos."

                     Mora em condições extremamente precárias, vive vagando pelas ruas sem qualquer referência de carinho, amor, respeito ou cuidados. Não conhece limites, leis, princípios de um comportamento amigável, se mostra hostil, vê de perto  atrocidades talvez não vividas por nenhum outro homem com o dobro de sua idade. Identificado como "garoto-problema", digno de nenhuma confiança, um verdadeiro "monstro". Um monstro de apenas 12 anos.

                       Como intervir na vida de um "João" sem que se tenha uma rede eficaz no atendimento e na garantia de direitos básicos. Acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico, outras tantas áreas da saúde, abordagem educacional diferenciada levando em consideração sua realidade adversa, comer e vestir sem dificuldades no poder de aquisição, profissionais sensibilizados em atender de forma diferenciada, alguém para assisti-lo devidamente de forma que este crie referencias e exemplos, etc. 

                   Logo, a dificuldade na garantia de direitos se apresenta em várias facetas, no entanto, dentro daquela lista de grupos/perfis de pessoas que mais sofrem para garantir seus direitos (quando garantem), o seguimento que mais é afetado é o infanto-juvenil, ainda aumentando a dificuldade na medida em que se encaixa nos demais perfis citados. No caso de "JOÃO", suponhamos a pele branca, perfeitas condições físicas e psíquicas, ainda assim é recebido pelos equipamentos, como o pior dos problemas. Com funcionários desgastados e mal formados, os equipamentos não incluem, não resolvem e não auxiliam, deixando as pessoas que deles necessitam a mercê de uma realidade que já não os apetece. 


                      Todas as cartas de compromissos internacionais, continentais, nacionais e estaduais colocam a prioridade absoluta à criança e ao adolescente grifado em seus textos, no entanto a realidade não compactua com essas linhas, por vezes perdidas em grandiosos textos com requintes de literatura e sem o mínimo poder de intervenção na pratica. Pensar o futuro é investir e impulsionar o presente. Nosso desejo e projeto de mudança calcado na educação pública e de qualidade deve ter um público alvo, e tem.

                        Precisamos olhar de frente os problemas da nossa sociedade, aceitar o fato de que a teoria está a anos luz da prática, e que esse quadro é mutável, assim como é mutável a realidade de monstros de 11, 12 e 13 anos por aí... É preciso acreditar, trabalhar e sonhar.