sábado, 30 de abril de 2011

Os bancos gelados...

É uma estrutura antiga, de aproximadamente 20mx20m antes da reforma, depois acredito ter ido pros 20mx40m. São dois andares de concreto cinza, com dizeres grandes, diretos e insensíveis, apesar do lindo jardim de inverno ao centro, sem teto para cobri-lo, permitindo a luz do sol e as gotas de chuva.

São diversas salas saturadas de papel, de pavor e penas. São Marias, Joanas e Helenas tristes em penar por atenção. Do banco gelado que circunda o lindo Jardim de Inverno, disparam vários olhares sedentos por justiça, mas que tem como retorno um tratamento gélido, padronizado. Deste mesmo banco partem gritos de dor, de súplicas e de questionamentos, frutos todos de uma completa distorção de funções, de um equívoco institucional, de uma sociedade viciada no erro.

O que deveria ser um exemplo em bom atendimento e bom tratamento se mostra totalmente o inverso. O que deveria passar segurança, sentimento de porto-seguro, alívio e esperança de resolução, mais parece uma turbina prestes a explodir, que não se pode chegar perto pra não explodir junto. Que não se pode dirigir uma palavra se quer, sujeito a tomar um “tapa na cara” de pessoas que reproduzem – sabendo ou não – a ideia de uma instituição carregada de preconceitos, submergida em costumes perigosos e práticas ilícitas com uma falsa blindagem de ordem e justiça. Uma instituição falida, fadada a ocupar uma triste parte de nossa história.

É preciso uma reestruturação, uma mudança drástica para se ter o resultado ideal. Mas como se eles representam o braço armado deste Estado que detém instituições como essa sob seus serviços?

Para evitarmos assassinatos em ruas, vielas, serras e cemitérios, é preciso que haja um empoderamento do nosso povo. A ação coletiva de participação nos espaços de decisão, de denuncia dos abusos e dos excessos.

Não existe alegria em assumir a mazela que é a falência do Estado no campo da segurança, da prevenção e da resolução. Na verdade, temos destacado com isso uma de nossas mais necessárias ações, afinal estamos perdendo nossas crianças e adolescentes para uma violência generalizada, fruto de uma conjuntura desigual, de má distribuição de renda e riqueza, de terra e por consequência, má distribuição de sonhos, o que resulta em jovens vivendo à margem, sem perspectivas e propensos à prática da criminalidade, e quando nessas práticas não encontram o fim de suas vidas, caem na mão de um Estado que não recupera, não considera a realidade e contexto, e que reprime, bate, encarcera em instituições falidas, e quando mostra o auge de sua incapacidade, crueldade e despreparo, MATA.

Nossa contribuição é diária. A mudança de comportamento é essencial para a transformação da nossa realidade. Não permitir os abusos, denunciar todas as formas de corrupção e não compactuar com elas. As vidas de milhares de jovens são arrancadas todos os dias, e nós com isso? 

3 comentários:

  1. Isso aí mano,
    No relaxo habitual, vc é só mais um!
    Com disciplina vc vai longe.
    O Céu é o limite.
    E Vc sabe!
    Então vai, escolhe porra!
    E faz!
    E que foto louca!
    Te amo.

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  2. Sem duvida me surpreendi com este texto!
    Explica,aponta,mostra e clarea surpreendentemente nossa situação atual.
    Grande potencial com a clareza de se retratar sobre assuntos de modo vistos como polêmicos...
    Mais uma vez parabéns...grande texto,um verdeiro colunista...Abraço Claytão!!! #tamojunto,rsrsrs...

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  3. Muito bom cleytão, parabéns pela maneira como decidiu quebrar o habitual, tentar mudar com palavras, com argumentos, e fatos, o verso é seu poder, as palavras são suas armas, lute sempre contra a violência olhando pros mais fracos, aqueles que não estão gozando do progresso, e sofrem por causa do passado cruel de seus ancestrais, essa é realidade de muitas fundações casas, muitos fóruns espalhados pelos municípios das grandes capitais dessa américa tão dividida em classes.

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